segunda-feira, 15 de outubro de 2012

QUANDO A CRUZ RELATIVIZA A VIDA

Tenho sido tomado por um sentimento profundo em minha alma. Não sei explicar nem descrever o que tenho sentido. Uma mistura de dor, ansiedade, angústia, e ao mesmo tempo alegria, paz e amor. Tenho sido constrangido pelo amor de Deus. Tenho sido constrangido pelo amor de Deus a amar meus irmãos. Deus tem colocado em mim um sentimento tão profundo de amor pelo Evangelho, por Sua Graça, por Sua Misericórdia e principalmente pela Cruz de Cristo, sendo ela a razão deste sentimento em mim.


Nos últimos dias, não tenho conseguido orar. Pela manhã, quando direciono minha atenção a Deus, me faltam palavras. Não consigo pedir nada, não consigo dizer nada, só consigo dizer: “obrigado Jesus”. Porém, quando estou ministrando alguém, ou pregando na Fundação CASA, ou na Comunidade Terapêutica ou na Igreja, as palavras fluem de meu interior como um rio em direção ao oceano. Mas, por mim mesmo não consigo orar ou pedir nada.

Tenho tido apenas um único interesse, a saber: Conhecer mais sobre a Cruz de Cristo, o Amor de Deus nela revelada. Este interesse tem permeado minha vida, minha alma, tem ocupado minha mente.

Para alguns pode parecer nostálgico, mas para mim, ao mesmo tempo em que tem sido perturbador, tem sido amenizador de meus ânimos, acalentador da minha alma, agasalhador da minha fé, e o firme fundamento da minha vida.

Não há interesse nenhum de minha parte em falar de outra coisa ou pregar outro tema que não seja este: A Cruz de Cristo!

Este é o cerne do Evangelho. Aqui está o centro gravitacional da vida. Se é que pode existir um centro da vontade de Deus, é este: A Cruz de Cristo! Pois ela chega relativizando nossas vidas, nossas vontades, nossos ideais, nossas verdades. Faz com que todas elas sejam redirecionadas a partir dela mesma.

Vejo que os homens que se tem chamado de “evangélicos” perderam a essência do Evangelho. Seus líderes têm reduzido a Graça de Deus a pequenas coisas materiais do cotidiano humano – carros, casas, finanças – como se o sentido da vida estivesse nestas quinquilharias circunstanciais.

Já não há temor na pregação. Já não há um sentido, uma mensagem, um caminho, um objetivo conforme Paulo nos informa, quando diz que “devemos prosseguir para o alvo, para o prêmio da soberana vocação que está em Cristo Jesus, o nosso Senhor”.

Aliás, quem creu na pregação? Creu em qual pregação?

Tanto Isaías, quanto Paulo citando Isaías nos diz que a pregação é o conteúdo inegociável da fé que gera vida, e nos faz caminhar, e nos gloriar-nos nas tribulações sabendo que elas produzem a paciência, e esta gera experiência, resultando em perseverança, e desemboca na esperança, cuja esperança não nos confunde, antes, nos afirma no amor que nos foi derramado mediante o Espírito de Deus que nos foi outorgado.

Reduzimos a pregação do Evangelho a campanhas da vitória, jejuns temáticos, cultos temáticos, mensagem dirigida, barganhas com Deus, propósitos e esqueminhas religiosos.

Oro, para que o temor seja instaurado em nossos corações; para que o conteúdo essencial do Evangelho seja cravado em nossas almas; para que a única mensagem a ser compartilhada seja a Cruz de Cristo; que o objetivo do homem seja unicamente “...conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor...” que os foi revelado em Cristo Jesus.

Na Graça Dele, em quem a minha alma tem habitado em contradição, perturbação e ambigüidade; mas sincera e devotamente cheia de amor e gratidão a Ele.

Juliano Marcel
Bragança Paulista-SP
15/10/2012




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terça-feira, 9 de outubro de 2012

O CONTEXTO FAMILIAR COMO CENTRO TERAPÊUTICO DO MENOR INFRATOR



Palestra realizada no auditório da OAB Bragança Paulista no dia 28/09/2012, para familiares e responsáveis por menores que estão cumprindo medidas sócio-educativas em regime fechado na Fundação C.A.S.A., e menores em medida de L.A. (Liberdade Assistida). Com a presença de técnicas responsáveis pelo acompanhamento dos familiares e menores – psicólogas e assistentes sociais.

  
A primeira coisa que devemos ter em mente neste momento, e dentro do contexto pelo qual estamos aqui – a infeliz opção dos filhos pelas drogas e o crime – é que esta realidade é uma maldição em nossas vidas (maldição=desgraça).

Já que estamos aqui, e em família, podemos refletir sobre o que é esta instituição para nós, e suas finalidades.

O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), no CAPÍTULO III - DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA – na Seção I, em Disposições Gerais, diz:

“Art. 19. Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecentes”.

“Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais”.

Ou seja, mediante os órgãos públicos, temos a obrigação da manutenção, estruturação e criação de um ambiente familiar que propicie o desenvolvimento familiar de forma saudável.

Porém, é um princípio natural e inato a todo ser humano que, ao estabelecer uma família, deve prover a ela este bem-estar.

O que eu gostaria de conversar com vocês hoje, é justamente sobre a nossa compreensão desta realidade – a família – e sobre os princípios que estabelecemos em nossas vidas, para que esta seja um lugar seguro, formador, desenvolvedor e terapêutico de seus membros.

Como poderíamos descrever a importância da instituição Família?

“A família é a célula máter da sociedade. Sem famílias, não haverá sociedade”.

“A família é o ponto de partida de todos os relacionamentos; ela é a economia sócio-comportamen­tal ideal. Não existe outra que se compare a ela. É a oficina modeladora do caráter”.

“O que se aprende na vivência do lar permanece para toda a vida. É o espaço para o crescimento pessoal e coletivo”.

“É na família que está a força e o poten­cial da sociedade. O crescimento saudável da sociedade depende da edificação da família. Ela é a pedra angular da sociedade. Nenhuma civilização sobreviveu à sua dissolução”.

“Sem a família, nenhuma instituição pode realizar seu propósito es­sencial. A família é o agente integrador de grupos, o estabilizador emocional e o corretivo psicológico”.

“A família é o centro de promoção e o laboratório de desenvolvimentos cultural, social e humano pela sua própria vocação. A família é uma Instituição criada por Deus (Gn 1.26-31; 2.18-25)”.

O que poderá fazer o Estado em favor de uma sociedade sem famílias?

Não basta haver progenitores ou agentes legais de paternidade e maternidade. O que falta mesmo é a velha e saudável noção de família, de casamento, de educação, de respeito, de reverencia pelos mais velhos; e, sobretudo, falta a certeza de que pai e mãe são para sempre.

Porém, temos visto sinais na família, que vai acabando, morrendo, e que se desfaz em desrespeito e falência afetiva.

Algumas perguntas para reflexão:

Como vai a sua família? Que lugar ela ocupa em sua lista de prioridades? Qual o investimento que você tem feito na sua edificação? Que nota você daria para a sua família hoje? A mensagem que estarei compartilhando com vocês tem relação com as respostas para as perguntas acima.

Como a família pode ser o centro terapêutico na vida do menor infrator?

Precisamos, primeiramente, compreender que somos pessoas que se relacionam em quatro esferas distintas, porém, que se integram na formação individual:

1º SOMOS SERES INDIVIDUAIS – Somos pessoas com vontades individuais, singulares, particulares e etc.

Não podemos querer que nossos filhos sejam nossas fotocópias. Não há a possibilidade de que nossos filhos sejam idênticos a nós; pensem como nós pensamos; respondam à vida como reagimos. Jamais conseguiremos que nossos filhos sejam como nós. Cada indivíduo é singular, tem sua identidade, precisa desenvolver suas características pessoais.

2º SOMOS SERES FAMILIAR – Pessoas com um contexto familiar, pai, mãe, filhos e etc.

Participamos desta instituição chamada família. Nosso relacionamento imediato com o mundo acontece a partir da nossa família. Nossa visão do mundo se estabelece também a partir da nossa família.

3º SOMOS SERES COMUNITÁRIOS – Pessoas que se relacionam com determinadas comunidades: igrejas, associações, instituições e etc.

Participamos de atividades ajudará no desenvolvimento pessoal em instituições como escola, igrejas, associações.

4º SOMOS SERES SOCIAIS – Pessoas que se relacionam e tem responsabilidades com uma sociedade comum, com seus conjuntos de leis e regras.

Participamos de um contexto coletivo, de uma sociedade que dispõe de regras para o bem-viver comum.

Se nossas vidas se subdividem basicamente nestas quatro esferas distintas, o que determina basicamente a relação do indivíduo de forma saudável com todas elas é o seu contexto intra-familiar e extra-familiar.

Intra-Familiar: É a relação que o indivíduo desenvolve com os membros de sua família, dentro de sua casa, no interior da sua casa. É o que ele aprende, como se sociabiliza, como trata o pai, a mãe, os irmãos. É neste contexto que é formado e desenvolvido o caráter e a personalidade do indivíduo. O que ele aprende dentro deste contexto determinará como ele se relacionará com as pessoas e áreas fora deste contexto familiar.

Por exemplo: Vejo crianças pequenas de quatro ou seis anos que falam palavrões. Onde eles aprenderam palavras tão baixas? Onde eles escutaram? É o pai que pega a criança pequena e leva ela para o bar enquanto bebe com os amigos. O que ele irá aprender? É a mãe que não sabendo estabelecer sua autoridade, grita com os filhos e os chamam de vários nomes (vagabunda, burra, ameaçando lhe dar uma surra, sem contar os palavrões) utilizando este método como meio educativo.

Extra-Familiar: Neste sentido, o indivíduo se relaciona com pessoas fora de seu contexto familiar. Porém, sua relação é determinada pelo aprendizado intra-familiar. Dependendo de como foi esta relação intra-familiar, o indivíduo se relacionará de forma saudável ou não com as pessoas e entidades fora de seu contexto familiar.

Se seu ambiente familiar foi um ambiente opressor, abusivo, agressivo, assim será sua relação com os de fora. Vejo muitas crianças que desenvolvem problemas sérios de relacionamento fora de casa, porque foram vítimas de agressões, de abusos, de torturas psicológicas dentro de casa.

Vejo adolescentes que buscam fora de casa, na rua, junto aos pares, uma afirmação pessoal, uma aceitação, uma identidade, justamente porque sua relação intra-familiar foi doentia e irresponsável por parte de seus responsáveis.


Como vimos, é no seio familiar que o indivíduo é formado.

Qual o contexto familiar que estamos formando em nossas casas?

1º BOAS INTENÇÕES NÃO SÃO SUFICIENTES

Não basta termos boas intenções em nossas famílias, com nossos filhos. Boas intenções não educam, não formam caráter, não desenvolvem personalidade. Boas intenções não passam de meras suposições, se não forem colocadas me práticas. Não basta queremos que nossos filhos cresçam, estudem, se formem na Faculdade, se tornem um homem/mulher responsável, se estas boas intenções se transformarem em atitudes saudáveis que auxiliem no desenvolvimento direto da vida dos nossos filhos.

2º TEMOS QUE SER CAPAZES DE TRANSFORMAR NOSSAS BOAS INTENÇÕES EM INVESTIMENTO DE VIDA NA EXISTÊNCIA DOS FILHOS

Temos que ser capazes de aplicar nossas boas intenções em ações. Não podemos ficar sonhando. Não podemos ficar inertes e ver nossos filhos crescerem e já apresentarem desvios comportamentais e achar que isso é normal, é fase, vai passar. Como diz o adágio popular: “De boas intenções o inferno está cheio”. Não adianta você ter os sonhos que tem, nem apenas fazer as orações que faz, nem apenas guardar e juntar dinheiro para o bem de seus filhos. É preciso investir vida na vida de seus filhos.


3º NOSSAS PRINCIPAIS ÁREAS DE FRAQUEZAS SÃO CLARAMENTE PERCEBIDAS NAS NOSSAS RELAÇÕES COM NOSSOS FILHOS

A forma com que nos relacionamos com nossos filhos evidenciam justamente as nossas próprias áreas de fraquezas. Talvez nós tenhamos sido vítimas de um contexto familiar disfuncional, e fomos feridos, e agora, com nossas famílias estamos transferindo esta ferida para os nossos filhos. Não queremos acreditar que nossos filhos estão envolvidos com drogas, com o tráfico, imaginamos que os culpados são os filhos da vizinha, os adolescentes da esquina, sem saber que muitas vezes o pior dentre todos eles são os nossos filhos.
  

O que precisamos compreender então para construirmos uma família saudável?
  

1º NÃO PODEMOS TRANSFERIR RESPONSABILIDADES INTRANSFERÍVEIS

Minha pergunta a você é: pra quem é que você está transferindo a responsabilidade de administrar a alma de seus filhos? Para o avô? Para os filhos mais velhos? Para a escola? Para a Fundação CASA? Para a rua? Para quem? Para a diretora da escola?

Essa responsabilidade é intransferível. O filho é seu. A filha é sua. A alma deles vai ser cobrada de você. De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a alma de seu filho? De que adianta viver trabalhando incansavelmente pra trazer sustento para casa, mas ter uma filha desgraçada ou um garoto arruinado em casa, viciado em drogas, envolvido com o tráfico e com o crime?

2º TEMOS QUE TER A CORAGEM DE CONFRONTAR NOSSOS FILHOS

Creio que não haja pais ou mães cegos; no entanto, há pais e mães que não querem ver, que têm medo de encarar o filho e o problema, que têm medo de confrontar os filhos com a verdade, que têm medo de não saber como conduzir o problema, de como ajudar a solucionar.

Temos que ter a coragem de estabelecer limites para nossos filhos. Limites saudáveis, com o cuidado com suas vidas. Temos que tomar as rédias das nossas famílias. Enquanto ficarmos achando que o culpado é o traficante da esquina, que é má influência dos amigos, que é fase de rebeldia, nossos filhos se desgraçarão, passarão a infância e adolescência internados em uma Fundação CASA, e correremos o risco ver a vida de nossos filhos serem ceifadas prematuramente. E quando isso acontecer, não haverá justificativas para ficar chorando em cima do caixão de seu filho, culpando Deus e o mundo, dizendo que é injustiça.

Tenha uma atitude hoje e agora, enquanto ainda há tempo. Enquanto seu filho ainda é menor, enquanto ele ainda mora debaixo do seu teto, enquanto você ainda é o provedor de sua casa.

Eu não tenho receitas para soluções de problemas familiares, mas, em qualquer caso, a omissão não vai resolvê-los, o tempo não vai solucioná-los.

Por que temos receio de confrontar nossos filhos? Medo? Talvez culpa? Culpa por saber que não fomos os pais que deveríamos ser? Por saber que deixamos eles crescer sem limites? Que não disciplinamos quando necessário? Que mimamos demais nossos filhos?

No fundo, sabemos que grande parte da responsabilidade de nossos filhos estarem onde estão hoje, é nossa enquanto pais e responsáveis.


No início, falamos que esta realidade se tornou como MALDIÇÃO em nossas vidas e na sociedade.

Eu gostaria de compartilhar com vocês um texto bíblico que diz que existe uma maneira desta maldição não assolar nossas famílias: “... quando o coração do pai se converter ao seu filho, e coração do filho se converter ao seu pai, Deus extinguirá a maldição da Terra”. (Malaquias 4:6)

Que Deus possa ajudá-los a expurgar as amarguras da alma, a exorcizar o prazer sádico da vingança, o masoquismo da autocomiseração. Que Deus os ajude a enxergar o valor da família, a preciosidade da relação ente um pai e um filho, entre uma mãe e uma filha. Que você possa dar valor não ao que tem dentro de casa, mas dar valor ao que você pode construir dentro dela.

1.   Não podemos transferir responsabilidades intransferíveis.

2.   Nós não queremos ser capaz de vencer o mundo, mas não saber confrontar os filhos, olho no olho.

3.    Não queremos minimizar o poder das amarguras familiares.

4.    Não queremos brincar com o ódio existente dentro de casa, queremos dar a devida atenção.

5.    Não queremos reagir aos conflitos apenas emocionalmente.

Quando pais se converterem aos seus filhos, filhos se converterem aos seus pais, maridos se converterem a suas esposas, esposas se converterem a seus maridos, quando você deixar o ódio cair por terra e Deus encher o seu coração de amor, de perdão e de reconciliação, a maldição estará quebrada na terra.

Gostaria de parabenizar as famílias que estão procurando ajuda orientação para seus problemas familiares juntamente com as técnicas.

Uma boa noite à todos vocês!

Juliano Marcel
28/09/2012



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E os do Caminho...

... têm que ser apenas gente andante, seguindo a Jesus com outros, cada um com seu nível de compreensão e percepção, porém todos desejosos de aprenderem a Cristo, conforme Jesus no ensinou ser o caminho de gente que busca se tornar semelhante a Ele.

Este é o convite aos do Caminho: tornarem-se semelhantes a Jesus no curso da jornada da fé; dia a dia sendo transformados de glória em glória; até que se vá chegando à estatura do Novo Homem, o qual se renova segundo Deus mediante a pratica do amor e da verdade.

Assim que é! Vem & vê!

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