QUANDO A CRUZ RELATIVIZA A VIDA
Tenho sido tomado por um sentimento profundo em minha alma. Não sei
explicar nem descrever o que tenho sentido. Uma mistura de dor, ansiedade,
angústia, e ao mesmo tempo alegria, paz e amor. Tenho sido constrangido pelo
amor de Deus. Tenho sido constrangido pelo amor de Deus a amar meus irmãos.
Deus tem colocado em mim um sentimento tão profundo de amor pelo Evangelho, por
Sua Graça, por Sua Misericórdia e principalmente pela Cruz de Cristo, sendo ela
a razão deste sentimento em mim.
Nos últimos dias, não tenho conseguido orar. Pela manhã, quando
direciono minha atenção a Deus, me faltam palavras. Não consigo pedir nada, não
consigo dizer nada, só consigo dizer: “obrigado Jesus”. Porém, quando estou
ministrando alguém, ou pregando na Fundação CASA, ou na Comunidade Terapêutica
ou na Igreja, as palavras fluem de meu interior como um rio em direção ao
oceano. Mas, por mim mesmo não consigo orar ou pedir nada.
Tenho tido apenas um único interesse, a saber: Conhecer mais sobre a
Cruz de Cristo, o Amor de Deus nela revelada. Este interesse tem permeado minha
vida, minha alma, tem ocupado minha mente.
Para alguns pode parecer nostálgico, mas para mim, ao mesmo tempo em
que tem sido perturbador, tem sido amenizador de meus ânimos, acalentador da
minha alma, agasalhador da minha fé, e o firme fundamento da minha vida.
Não há interesse nenhum de minha parte em falar de outra coisa ou
pregar outro tema que não seja este: A Cruz de Cristo!
Este é o cerne do Evangelho. Aqui está o centro gravitacional da
vida. Se é que pode existir um centro da vontade de Deus, é este: A Cruz de
Cristo! Pois ela chega relativizando nossas vidas, nossas vontades, nossos
ideais, nossas verdades. Faz com que todas elas sejam redirecionadas a partir
dela mesma.
Vejo que os homens que se tem chamado de “evangélicos” perderam a
essência do Evangelho. Seus líderes têm reduzido a Graça de Deus a pequenas
coisas materiais do cotidiano humano – carros, casas, finanças – como se o
sentido da vida estivesse nestas quinquilharias circunstanciais.
Já não há temor na pregação. Já não há um sentido, uma mensagem, um
caminho, um objetivo conforme Paulo nos informa, quando diz que “devemos
prosseguir para o alvo, para o prêmio da soberana vocação que está em Cristo
Jesus, o nosso Senhor”.
Aliás, quem creu na pregação? Creu em qual pregação?
Tanto Isaías, quanto Paulo citando Isaías nos diz que a pregação é o
conteúdo inegociável da fé que gera vida, e nos faz caminhar, e nos gloriar-nos
nas tribulações sabendo que elas produzem a paciência, e esta gera experiência,
resultando em perseverança, e desemboca na esperança, cuja esperança não nos
confunde, antes, nos afirma no amor que nos foi derramado mediante o Espírito
de Deus que nos foi outorgado.
Reduzimos a pregação do Evangelho a campanhas da vitória, jejuns
temáticos, cultos temáticos, mensagem dirigida, barganhas com Deus, propósitos
e esqueminhas religiosos.
Oro, para que o temor seja instaurado em nossos corações; para que o
conteúdo essencial do Evangelho seja cravado em nossas almas; para que a única
mensagem a ser compartilhada seja a Cruz de Cristo; que o objetivo do homem
seja unicamente “...conhecer e prosseguir em conhecer o Senhor...” que os foi
revelado em Cristo Jesus.
Na Graça Dele, em quem a minha alma tem habitado em contradição, perturbação
e ambigüidade; mas sincera e devotamente cheia de amor e gratidão a Ele.
Juliano Marcel
Bragança Paulista-SP
15/10/2012
