quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Síntese do Evangelho da Graça!

Hoje, não tem maior roubo entre os “evangélicos” do que o roubo da Graça. A Graça – como favor imerecido – foi usurpada, abduzida, saqueada e hoje não se fala mais dela como se falava na primitividade da Igreja. O que vemos hoje é um “evangelho da graxa”.

É um “evangelho” da barganha, da negociata, da política, do monopólio, da manipulação, da prosperidade como direito adquirido, da vida sem enfermidades, da manipulação dos dons espirituais, da comercialização dos dons do Espírito, do show da fé, do show-men, da vitória em cristo (mas que de Cristo não se fala), do interesse próprio, da poder eclesiástico, da busca pelo sucesso, da ascensão social, da projeção pessoal, da submissão que vem pelo poder. Este é o “evangelho” mais difundido hoje.

E este “evangelho” tem cauterizado a mente dos “cristãos” para não compreender a Graça como ela realmente é para-em-por mim.

A “igreja” tem cometido um dos maiores pecados, arrogando a si mesma, a autoridade que só pertence a Cristo – o Emanuel, Deus conosco. A igreja hoje usurpou o significado da cruz, arrogando a si mesma a promotora da salvação, uma vez que prega que não existe salvação fora dela. Voltando no tempo, vivendo como o templo-estado cristão, faz da cruz um vitupério, e de Cristo um escárnio, limitando e condicionando a salvação, a graça e o perdão, partindo de sua autorização o acesso ao Reino.

Se você fizer parte da confraria institucional chamada “igreja”, e seguir seu estatuto, sem se desviar para a direita nem para a esquerda, sabendo que seu líder tem a infalibilidade escriturísticas de interpretação, vivendo conforme ela manda, conforme eles querem, como eles determinam ser certo e errado, o bem e o mal, o que pode e o que não pode, ensinando seus filhos, desde crianças de que é importante obedecer a “igreja”, estando estas palavras e seus dogmas nos umbrais das portas de suas casas, inculcando na mente de seus filhos estes preceitos, falando com eles pelo caminho, no assentar, no deitar, no comer e no acordar, dizendo sim a todas as palavras que forem ditas em nome de Deus de cima do púlpito, não perguntando, não questionando, mas se condicionando como ovelha muda, sendo batizado; aí sim você tem acesso ao reino, é um salvo em Cristo, e pode tomar a Ceia.

Esta é a síntese do Reino que a “igreja” prega. Para alcançar a salvação, se faz necessário seguir rigorosamente o que foi escrito nas linhas acima.

E ainda chamam isso de graça –, que desgraça!

A intimidade com Deus, dizem, é na base de muito jejum, muita oração, muita vigília, freqüência assídua ás reuniões, muito esforço próprio, muita dedicação – alguns em extremo se aventuram em ficar na mata uma semana inteira comendo bicho, dizendo que estão em consagração, e quando voltam, afirmam sua santidade após o “esforço” empregado no meio da mata (puro farisaísmo) – assim, eu só posso desfrutar de uma intimidade com base no esforço próprio, reprimindo quem sou, negando minha humanidade, me fazendo merecedor da atenção e amor Divino.

Quando conseguir, seguir estes passos desfrutarás da intimidade com Deus – diria um mestre devoto da “igreja”.

Mas... se o que a “igreja” prega é a verdade, do que vale a graça e a cruz de Cristo? Se a “igreja” é a mediadora entre Deus e os homens, pra que serve o Espírito Santo, e qual o significado da expiação de Jesus Cristo?

Conversando com uma pessoa, e a indagando sobre “o que fazer para se aproximar mais de Deus e desfrutar de uma intimidade com ele”, fui surpreendido por uma resposta totalmente religiosa, seguindo o padrão do ensino da “igreja”. Ela me disse:

“...ir alem dos meus limites .... daquilo que me acomoda,por exemplo, eu sou uma pessoa que assim, sei do que precisa mudar, sei o que pode ser bom pra mim, sei de algumas saídas pra sair desse comodismo, e varias outras cosias, mas não consigo mover um dedinho do pé pra que isso mova-me de um lugar ruim para outro, entende? Por que isso acontece, não sei!? Não me sinto uma pessoa diferente, uma pessoa que “Deus acessa rapidamente”, tem pessoas que são tão intimas, e Deus sabe que eu não quero só as suas mãos que estão estendidas sobre mim, eu queria ultrapassar as suas mãos e sentir Ele de perto, de mais perto, ser intima Dele, mas não sei o que me impede. Acho que é meu passado podre...”

Eu perguntei mais uma coisa: “ ... você acredita que se conseguisse fazer este enorme esforço, alcançaria Deus de uma forma maior?” ela respondeu: “... com certeza!”.


Veja, é incrível como a nossa mente é cauterizada pela religiosidade e negamos a Cristo e Sua graça, com as mesmas palavras que pensamos ser a mais sinceras e desejosas de Sua presença. Por mais que confessemos com a boca a Graça de Deus revelada em Cristo na cruz, esta confissão não parte de um coração que O conhece e experimenta Sua graça, é simplesmente da boca. Porque o coração ainda está pensando que pode conseguir mais de Deus pelas obras, pelo esforço próprio, pelo desejo incessante, pela flagelo da consciência, que dominada pelos afazeres do dia a dia, se flagela na consciência de não conseguir desfrutar de um repouso em Deus.

A religião, diz que temos que buscar que nos esforçar, se dedicar, empreender esforço, ser bonzinho, procurar ser quem não somos, quem não conseguimos ser, assim, nos mascaramos, com uma capa de boa menina, de bom menino, fazemos o bem para ser aceito entre eles, para se destacar, para demonstrar que conseguimos, mas isso tudo é mentira, porque entendo o desejo sincero de Deus como de muitos outros na “igreja”, mas intimidade com Deu não depende de esforço meu, em se esforçar para ser certinho segundo eles dizem ser a maneira correta de ser. Se precisamos fazer algo, então o brado de Jesus na Cruz: Tetelestai - está consumado - é mentira, nada foi pago, nada está consumado, depende de mim, depende de meu esforço, depende de você se esforçar, e quando não consegue pelos seus próprios esforços, você se frustra, pensa não ser amada por Deus, pensa em receber somente um pequeno favor, mas não em ser amada verdadeiramente.

Essa é a religião de Caim, que empreende esforço!

A de Abel é fruto da fé, da certeza do incerto, do descanso na Graça, porque já está tudo pago, não depende de mim, nada depende de mim, o que depende de mim é deixar de me esforçar e entrar em repouso, descansar em Deus.

E não tem maior esforço para os “evangélicos”, do que deixar de se esforçar, este é o maior esforço.

E a pergunta, que você deve estar fazendo, como muitos outros fazem é: “Mas espera aí, e eu não tenho que fazer nada?”

Esta é uma pergunta que atormenta os “evangélicos”, os filhos da religião de Caim, os fariseus, os mercadores da fé, os vendedores de dons.

A princípio, o que todos temos que fazer, é aceitar esta Graça, que realmente é Graça – favor imerecido. É aceitar que tudo já foi pago. É descansar na certeza da graça, é aceitar que quanto mais eu me entrego em fé nesta certeza, mais eu me aproximo de Deus. Olhe o que o escritor de Hebreus escreve, ele fala do repouso em Deus (capítulo 4):

1 TEMAMOS, pois, que, porventura, deixada a promessa de entrar no seu repouso, pareça que algum de vós fica para trás.
2 Porque também a nós foram pregadas as boas novas, como a eles, mas a palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram.
3 Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo.
4 Porque em certo lugar disse assim do dia sétimo: E repousou Deus de todas as suas obras no sétimo dia.
5 E outra vez neste lugar: Não entrarão no meu repouso.
6 Visto, pois, que resta que alguns entrem nele, e que aqueles a quem primeiro foram pregadas as boas novas não entraram por causa da desobediência,
7 Determina outra vez um certo dia, Hoje, dizendo por Davi, muito tempo depois, como está dito: Hoje, se ouvirdes a sua voz, Não endureçais os vossos corações.
8 Porque, se Josué lhes houvesse dado repouso, não falaria depois disso de outro dia.
9 Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus.
10 Porque aquele que entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.
11 Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência.
12 Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.
13 E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de tratar.
14 Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
16 Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno
”.

Ele fala justamente que, em aceitando a pregação da Graça, que venhamos a repousar - descansar - em Deus, porque do contrário, faremos como o povo de Israel que não descansou nem aceitou a pregação da Graça que promove o repouso, e entrou em desobediência.

Isto posto, o que você tem que fazer para ter intimidade com Deus?

Aceitar a pregação da graça e entrar no repouso de DEUS, ou CRER NESSA GRAÇA, posto que o livro de Hebreu é o livro da Fé, que quebra todos os paradigmas da lei, ou das obras, e fala da justificação pela fé – o justo viverá pela fé – só resta uma coisa a fazer: crer, e simplesmente Crer.

Crer na palavra de Jesus, nos Evangelhos, não é crer e praticar uma vida de devoção que gere esforço, e frustração por não conseguir por meios próprios, antes, é crer, e simplesmente crer e descansar na certeza de que sou amado e não há nada que eu faça que acrescente valor agregado ao amor de Deus pelo meu bom comportamento. Ele simplesmente me ama. Ama como sou. Ama como você é, com seus erros, com seus defeitos, com suas ironias, com seus estresses, com sua falta de paciência, sua impetuosidade, enfim, Ele te ama, como ninguém pode te amar!

O que te resta, é aceitar ser amado e acreditar neste amor, em fé, em certeza do que você não vê, e na prova do que espera, que é o amor de Deus, logo, minhas atitudes após esta compreensão, não é viver uma vida sistematicamente regrada de "isso pode" e "isso não pode", e sim, ser eu mesmo, ser você mesma, sem máscaras, sem véu, totalmente transparente, tendo a certeza deste amor, entendendo e fazendo o que o escritor aos hebreus disse nos versos:

14 Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
15 Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.
16 Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno
”.

Nesta certeza, eu chego com confiança e ousadia no trono da Graça, totalmente desnudado diante de Deus, mostrando como eu sou verdadeiramente, é somente assim, e somente assim que o escritor diz que conseguiremos alcançar misericórdia e achar graça em momento oportuno.

E este momento, pode ser agora, é todo dia, é toda hora. Todo momento, é momento oportuno de achar Graça, e dela desfrutar em amor.

É nesta consciência que podemos ter a mesma certeza que Paulo tinha quando disse que em crendo assim “... nem a morte, nem a vida, nem principados, nem potestades, nem o presente, nem o porvir...”, nem coisas de cima, nem coisas da terra, nem problemas, nem circunstancias, nem enfermidades, nem cansaços, nem trabalhos, nem fadigas, nem opressões, nem ansiedade, nem a morte, nem a vida, enfim, nada, absolutamente nada pode nos separar do Amor de Deus, que está revelado em Cristo Jesus. E se estou Nele, e se Ele está em mim, logo, sou mais que vencedor. Se Deus é por mim, quem será contra mim? Quem intentará acusação contra mim – um escolhido – se é Deus quem me justifica? Logo, compreendo que todas as coisas, conjuntamente, mutuamente, subjetivamente cooperam para o bem, daquele que ama a Deus.

Isto, é a síntese do Evangelho da Graça, pregada por Jesus e por Paulo!

O resto, é religião de Caim, segundo a “igreja”, logo, é resto!

Na Graça Dele, que me ama, e por cujo amor me apaixonei, e por cuja paixão me entreguei em amor no descanso de Deus, em Cristo Jesus!

Juliano Marcel
Bragança Paulista
SP
24/05/2008
http://www.julianomarcel.blogspot.com/



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... têm que ser apenas gente andante, seguindo a Jesus com outros, cada um com seu nível de compreensão e percepção, porém todos desejosos de aprenderem a Cristo, conforme Jesus no ensinou ser o caminho de gente que busca se tornar semelhante a Ele.

Este é o convite aos do Caminho: tornarem-se semelhantes a Jesus no curso da jornada da fé; dia a dia sendo transformados de glória em glória; até que se vá chegando à estatura do Novo Homem, o qual se renova segundo Deus mediante a pratica do amor e da verdade.

Assim que é! Vem & vê!

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